O Aprendizado do Fracasso
Que nosso modelo de ensino é arcaico e ultrapassado e que nos leva na maioria das vezes ao insucesso, isso muitos de nós já sabíamos, contudo mais importante que evitar tropeços, é aprender a levantar, nossos erros são LIÇÕES.
Por Janilton Maciel Ugulino dia em Diversos

Pelo fato de minha formação em engenharia, gostaria aqui de começar fazendo uma analogia dos ambientes educacionais com estradas bem pavimentadas, onde nelas professores e alunos dirigem com total visibilidade e com relativa certeza de onde querem chegar. Contudo como venho mostrado no Projeto Engenheiro Criativo trata-se de um grande engano. A vida real é, naturalmente, cheia de buracos, às vezes sem acostamentos, e periodicamente carregada de densa neblina.
Ou seja, a maioria das metodologias educacionais, envolvendo os respectivos procedimentos e abordagens, tem tradicionalmente adotado como objetivo central evitar as falhas dos alunos. Fundamentalmente, o ensino tradicional, ao informar, o faz para que o educando acerte e evite, a qualquer custo, os erros. De forma resumida, ter sucesso, normalmente, quer dizer não levar tombos, sabendo responder as questões corretamente e completando positivamente e no menor tempo possível os desafios apresentados é o um dos primeiros bloqueios que chamo, Bloqueio do Gabarito.
A título de exemplo, num teste padrão de múltipla escolha interessa, em geral, somente a resposta certa, sendo que, usualmente, as respostas erradas nada mais são do que respostas erradas. A educação contemporânea, no contexto dos usos adequados das tecnologias digitais, diverge frontalmente de tal postura, até mesmo porque conforme Tony Robbins a resposta mais criativa nunca é a primeira. Atualmente tendemos a aproveitar tanto a resposta certa, valorizando o aprendido, como elemento que ilumina os caminhos de superação das deficiências. Os erros, potencialmente, podem dizer mais sobre o educando do que o acerto eventual. Analítica da aprendizagem (“learning analytics”, em inglês), é ferramenta indispensável na compreensão de quem é o educando, incluindo saber mais e melhor sobre seus predicados e fragilidades. A partir deste conhecimento, podemos desenvolver trilhas educacionais personalizadas e adequadas.
Os modelos padrão e suas práticas usuais de ensino têm sobrevivido porque níveis razoáveis de sucesso puderam ser observados no passado, eu disse no passado, gerando a expectativa de que, provendo informações com competência e evitando os tropeços, teríamos solução educacional também para o presente e, eventualmente, até mesmo para o futuro. Nada mais ingênuo. Os velhos tempos, onde razoáveis eficiências e eficácias educacionais foram observadas, se caracterizam, principalmente, pela previsibilidade do mundo do trabalho, por demandas profissionais bem estabelecidas e futuros próximos razoavelmente conhecidos. Os novos tempos apresentam mudanças profundas, implicando em desafios inéditos, onde o ensino tradicional, tal como o praticamos, dá mostras claras de incapacidade de decifrá-los ou resolvê-los.
Entre as rápidas mudanças em curso está aquela que torna progressivamente a informação o produto mais disponível e o mais barato da atualidade. O surgimento de uma sociedade em que a informação está totalmente acessível, instantaneamente disponibilizada e gratuitamente adquirível traz consequências educacionais ainda não assimiladas e, por vezes, sequer percebidas. As ênfases e os focos demandam imediatas mudanças, em especial deslocando o centro do processo de aprendizagem baseado no simples saber, enquanto ser informado, em direção ao complexo saber resolver, baseado na informação assumida como completamente disponível, instantânea e gratuita.
Mais do que o simples acesso à informação, gerir corretamente o conhecimento disponível, trabalhar em equipe e assim decifrar e resolver os problemas passam a ser atitudes fundamentais, tanto no mundo profissional como no dia-a-dia. O ensino segmentado e com terminalidades definitivas dá lugar à educação permanente ao longo da vida, onde o aprender a aprender é mais relevante do que o aprender em si. Mais importante do que aquilo que foi aprendido, é ampliar a consciência e o domínio acerca dos mecanismos associados a como se aprende.
Assim, na 4ª Revolução industrial impõem uma realidade em que é mais importante focar no processo de aprendizagem e nos procedimentos de superação, após o erro, do que a obsessão simples por, a partir das informações adquiridas, tentar nunca tropeçar. Não há nenhuma garantia de que aqueles que nunca tropeçaram saberão levantar, caso errem. Mas há fortes indicadores de que aqueles que aprenderam a aprender terão todas as condições de enfrentar os tombos. Muito mais importante que evitar tropeços, portanto, é aprender a levantar.

Autor: Janilton Maciel Ugulino
E-mail: janilton@lean.eng.br

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Luis Nascimento
Janilton Maciel Ugulino
Parabéns Luis, bom saber e principalmente acompanhar a sua evolução profissional e acima de tudo a sua luta contra o conformismo, querendo ser um profissional diferenciado e se adequando as reais necessidades do mercado, veja que tudo se inicia em processos de falhas e acertos, aprenda com os erros, anote as falhas, pois elas serão elementos de visão para lhe mostrar a direção a qual você deve seguir, muito bom ter você por aqui fomentando os debates e estimulando a gente a evoluir sempre mais. Parabéns novamente e sucesso, qualquer coisa estamos por aqui.